Parceria entre o Cine Ceará (Festival Ibero-americano de Cinema) e a Cinemateca Brasileira, exibe dez filmes cearenses que compuseram a seleção de 2023 da mostra Olhar do Ceará — voltada à produção do Estado — a partir desta quinta-feira (18) no equipamento em São Paulo.
A itinerância das obras que compõem o recorte é — como destacam profissionais do audiovisual ligados ao festival, à curadoria da mostra e aos filmes escolhidos — uma oportunidade de visibilidade não só para as produções em si, mas também para o próprio cinema cearense.
Wolney Oliveira, diretor do Cine Ceará, explica que a mostra na Cinemateca foi possível a partir das parcerias que o evento e a instituição de preservação do cinema brasileiro vêm travando. No ano passado, por exemplo, o festival acolheu a mostra “A Cinemateca É Brasileira” dentro da programação, com exibição de obras preservadas.
“Ela está sendo rearticulada, é um espaço cultural importantíssimo. É bom para todo mundo: para a Cinemateca, o Cine Ceará, os realizadores. Como diz o nome da mostra do ano passado, ela é brasileira”, ressalta o diretor.
“É bom, ainda, como maneira de divulgar o cinema cearense. De repente alguém vê um filme e tem interesse, por exemplo, em distribuir. Festivais e mostras são fundamentais também pela possibilidade que podem ofertar de, dali, surgirem novos negócios e projetos”, segue Wolney.
Seleção
“Na mostra, você tem de filmes como ‘Represa’ a ‘Os Maluvidos’”, cita o diretor. Os dois exemplos destacados são, respectivamente, um drama rodado no interior cearense e uma comédia infantil produzida inteiramente no bairro do Bom Jardim, em Fortaleza. “São várias versões do cinema cearense”, resume.
Curadora da mostra Olhar do Ceará do ano passado, a produtora Camilla Osório de Castro ecoa o destaque dado à multiplicidade da produção do Estado. “A gente tem um cinema cearense cada vez mais no plural”, define.
“A gente identifica convergências, como aproximação com o cinema de gênero e maior profissionalização dos filmes, mas chama atenção que dez, 15 anos atrás, a gente tinha pouca gente e de um meio social muito recortado fazendo filmes. Hoje, a Olhar do Ceará recebe uma diversidade enorme de pessoas mandando filmes, por consequência, com os mais variados referenciais estéticos porque elas têm diferentes repertórios de vida”, diz Camilla Osório de Castro, curadora e cineasta.
Na avaliação da curadora, a oportunidade de circulação dos filmes por outros estados e plateias é “fundamental”. “Quando a gente leva pra fora, o exercício é o outro nos ver e também ter a oportunidade de nos perceber na nossa complexidade. Hoje o cinema cearense tem muito prestígio e o Estado tem saído daquele lugar comum da seca e da pobreza no imaginário do Brasil, mas ainda há muito a ser construído”, aponta.
“Uma itinerância como essa permite que a gente amplie esses debates. Que o nosso cinema chegue nos grandes centros e que nós enquanto cearenses, com tudo o que a gente carrega de história, de cultura, possamos chegar também”, arremata.
Confira a programação
Quinta-feira (18)
- 20 horas – “Alienígena”, de Ricardo Peres e Wagner Lima Mendes, e “Represa”, de Diego Hoefel
Sexta-feira (19)
- 20 horas – “Urubu aterrado”, de Cris Sousa e Weslley Oliveira, e “A Luta de Nzinga”, de Eduardo Cunha Souza
Sábado (20)
- 15 horas – “Os Maluvidos”, de Josenildo Nascimento e Gislândia Barros
- 17 horas – “Os Finais de Domingos”, de Olavo Júnior, “As Velas do Monte Castelo”, de Lanna Carvalho”, e “Quando Eu Me Encontrar”, de Amanda Pontes e Michelline Helena
Domingo (21)
- 17 horas – “Circuito”, de Alan Sousa e Leão Neto, e “Um Pedaço de Mundo”, de Tarcísio Rocha Filho, Victor Costa Lopes e Wislan Esmeraldo
Serviço
Mostra Olhar do Ceará na Cinemateca Brasileira
Quando: de 18 a 21 de abril
Onde: Cinemateca Brasileira (Largo Sen. Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino, São Paulo)
Entrada gratuita, com ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão
Mais informações: no site da Cinemateca ou nas contas de Instagram @cineceara e @cinemateca.brasileira
Fonte: Diário do Nordeste