
A capital cearense, quarta maior metrópole do Brasil em população, enfrenta um cenário alarmante: 84% de sua área verde original foi perdida ao longo da história, deixando apenas 16% de cobertura vegetal. A constatação vem de dois estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), que destacam o impacto desse desmatamento no aumento da sensação térmica e nos desequilíbrios ambientais da cidade.
Pesquisadores do Laboratório de Biogeografia e Estudos da Vegetação (Bioveg), ligado ao Instituto de Ciências do Mar (Labomar), realizaram o levantamento utilizando técnicas modernas de geoprocessamento e sensoriamento remoto. Os estudos focaram no cálculo dos índices de cobertura vegetal (ICV) e de áreas verdes (IAV) em cada bairro de Fortaleza.
Os resultados da pesquisa indicam que aproximadamente 83,7% do território da cidade já foi modificado pelo avanço urbano e pelo desmatamento. Restam menos de 17% de vegetação nativa no município, reforçando a urgência de iniciativas que preservem as áreas verdes remanescentes e minimizem os impactos ambientais negativos.
Os ambientes que mais perderam área foram a caatinga do cristalino (4% de áreas remanescentes) e a vegetação dos tabuleiros costeiros (9% de áreas remanescentes). Já as áreas menos perdidas foram a mata seca (85% foram mantidos) e o manguezal (75% permanece).
O ICV calculado foi de cerca de 13 m²/habitante, e o IAV foi de aproximadamente 2 m²/habitante. As áreas de piores índices estão concentradas na orla e em alguns bairros a sudoeste, em áreas como Barra do Ceará, Conjunto Ceará e Jóquei Clube.
Fonte: Diário do Nordeste