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Longa de animação representa o Ceará em competitiva de festival internacional

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O que teria acontecido se as revoltas separatistas do período regencial tivessem se concretizado? Quais seriam os rumos da história do Brasil? Como seria um território forjado por ideias de liberdade indígena, negra e popular? Essas perguntas movem “Glória & Liberdade”, longa-metragem de animação que estreia em junho na mostra competitiva brasileira de longas-metragens do Olhar de Cinema — Festival Internacional de Curitiba, um dos principais eventos do circuito audiovisual do país. O anúncio da seleção ocorreu nesta quarta-feira, 7 de maio, nas redes sociais do festival.

Único filme cearense e única animação da disputa, a obra tem direção da baiana radicada em Pernambuco Letícia Simões, roteirista das séries “Cangaço Novo” (Amazon Prime Video) e “Maria Bonita e o Cangaço” (Disney+), e produção do cearense Maurício Macêdo, da série “Meninas do Benfica” (Globoplay) e dos longas “Motel Destino” (Karim Aïnouz, 2024) e “Greta” (Armando Praça, 2019).

O filme, inclusive, é a primeira animação na competitiva de longas do Olhar de Cinema. Com potência política e estética, o longa constrói uma poderosa fabulação histórica, imaginando um Brasil de 2050 reinventado pelas revoltas populares do século XIX: Cabanagem, Balaiada, Praieira e Sabinada.

“Glória & Liberdade” retrata um mundo em que o Brasil não existe mais. Os territórios que um dia formaram as regiões Norte e Nordeste se dissolveram após a partida de D. Pedro I, dando origem ao continente Pau-Brasil. A narrativa acompanha Azul, uma jovem documentarista da República da Bahia, que percorre quatro nações independentes. A personagem indaga: será que estão dispostos a reconstruir o Brasil? Seu objetivo é investigar as histórias de cada lugar e os motivos que tornaram impossível manter o antigo país unido. Azul é interpretada por Larissa Goés, atriz das séries “Cine Holliúdy” (Globo, 2023) e “Meninas do Benfica” (Globoplay, 2022), e dos filmes “Fortaleza Hotel” (Dir. Armando Praça, 2022) e “Cabeça de Nêgo” (Dir. Déo Cardoso, 2020). 

Em sua jornada, Azul visita Taua Sikusaua Kato, nação indígena com mais de 130 etnias, do território da Amazônia; República de Caxias, zona das antigas províncias do Ceará, Maranhão e Piauí; o Reino Unido de Pernambuco, nação formada a partir da província Pernambuco; e, por fim, a República da Bahia, onde vive e onde a história se fecha. Assim, o filme se estrutura como uma viagem em quatro capítulos, cada um com estética própria, construído de acordo com as linguagens, memórias e culturas desses territórios imaginados. A proposta conta uma história múltipla e sensível às singularidades que compõem as quatro nações.

Ao longo dessa travessia, Azul encontra pajés, hackers, líderes populares e historiadores, que a ajudam a costurar memórias e tensões de um passado fragmentado. No entanto, a revolução mais profunda acontece mais próxima do que ela imagina. Uma nova insurreição ameaça estourar dentro de sua própria casa e a protagonista precisa avaliar, a partir dessa trajetória, o que aprendeu sobre revolução e liberdade.

“A ideia nasceu de um assombro”, conta Letícia Simões. “E se as revoltas regenciais tivessem dado certo? O filme é uma fabulação crítica, uma tentativa de imaginar o que poderia ter sido, e, quem sabe, o que ainda pode ser”.

A diretora assina também o roteiro do longa-metragem, que conta com direção de animação de Esaú Pereira e Telmo Carvalho, montagem e co-roteiro de Pablo Nóbrega e trilha sonora original de Pedro Madeira.

Unindo ficção científica, narrativa documental e referências à cultura popular brasileira, especialmente das regiões Norte e Nordeste, o filme desloca tempo e espaço para provocar: o que é uma nação? O que nos une e o que nos rasga? A estética experimental da animação potencializa esse mergulho sensível e radical em um Brasil que nunca foi, mas que poderia ter sido. Ou ainda pode ser. 

O filme é uma coprodução entre Ceará e Pernambuco, com realização da Moçambique Audiovisual (CE), de Maurício Macêdo, em parceria com a Poema Tropical (PE), de Letícia Simões. A Zonzo Studio, produtora cearense de animação, foi responsável pela equipe de animação do longa. A produção conta com incentivo da Agência Nacional do Cinema (Ancine), do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

Sinopse — Glória & Liberdade

Estamos em 2050. O Brasil não existe mais. Após a sua fragmentação, Azul, uma jovem documentarista da República da Bahia, percorre os territórios do extinto Norte e Nordeste em busca de respostas sobre o colapso do que um dia foi uma nação unida. Mas ao fim dessa jornada histórica, é dentro da própria casa que ela encontrará sua revolução mais profunda.

Serviço:

Olhar de Cinema — Festival Internacional de Curitiba

Quando: 11 a 19 de junho

Onde: Curitiba (PR)

 

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