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Estresse leva 80% dos pacientes a interromperem tratamento de diabetes no Brasil

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A relação entre diabetes e saúde mental é uma via de mão dupla que muitas vezes passa despercebida no tratamento convencional. Dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF) revelam que 77% dos pacientes já enfrentaram ansiedade, depressão ou outros problemas de saúde mental em decorrência da doença. O médico Leonardo Scandolara vive com o diabetes desde os 7 anos e conta que o impacto psicológico começa no momento do diagnóstico.

“Imagine a rotina de uma pessoa que recebe o diagnóstico de uma doença para o resto da vida, uma condição que muitas vezes é limitante, impedindo que ela mantenha certos hábitos alimentares que fazem parte da sua vida há muito tempo. Além disso, ela é constantemente ameaçada com o risco de complicações. Toda vez alguém está falando que, se ela fizer algo diferente do tratamento, vai perder uma perna, um rim ou ficar cega. Isso é extremamente angustiante do ponto de vista da saúde mental”, destaca.

Essa tensão emocional constante tem consequências diretas no controle da doença. A pesquisa da IDF revela que 79% dos participantes disseram experimentar esgotamento devido às demandas constantes de gerenciamento da doença, que requer muito tempo e cuidado.

No Brasil, a situação é ainda mais grave: 80% dos pacientes interromperam seu tratamento devido ao estresse causado pela condição. “As consultas médicas são muito rápidas. Em uma única consulta, muitas vezes o médico tem que fazer um papel de orientação nutricional, orientar atividade física, e, entre tantos pilares do tratamento, a saúde mental fica deixada de lado”, lamenta Scandolara.

Consequências físicas do estresse

Foto: Freepik

O impacto da interrupção do tratamento vai muito além dos números da glicemia. As consequências incluem aumento significativo do risco de complicações cardiovasculares, renais e visuais, além de redução da qualidade e da expectativa de vida.

Uma das dificuldades enfrentadas pelos pacientes com diabetes é o período entre consultas médicas, quando muitos se sentem desamparados. É nesse contexto que soluções como a Tia Bete, assistente virtual especializada em diabetes, ganham importância.

“A Tia Bete foi moldada para ser empática e carinhosa, justamente porque sabemos que lidar com diabetes é um peso que consome muito tempo na rotina dos pacientes”, explica o nutricionista Felipe Muller. “Ela faz esse papel de suporte intermediário entre as consultas, oferecendo não apenas informações técnicas, mas também acolhimento emocional”, conta.

Scandolara comenta que a Tia Bete foi treinada por especialistas para atender as pessoas da forma mais humanizada e empática, porque muitas vezes ela é a única fonte de informação que a pessoa tem sobre diabetes. “É um espaço muito democrático, onde o paciente tem privacidade para poder se abrir, se expressar e ser recebido de uma forma carinhosa.”

A assistente virtual oferece lembretes para medicação e monitoramento de glicemia; dicas de alimentação saudável adaptadas à realidade do diabetes; sugestões de exercícios seguros e adequados e ajuda na contagem de carboidratos.

Alimentação como aliada da mente e do corpo

O nutricionista Felipe Muller explica que existe uma relação entre estresse emocional e descontrole glicêmico. “O estresse crônico eleva os níveis de cortisol, que por sua vez pode aumentar a resistência à insulina, elevando a glicemia. É um ciclo vicioso: o estresse piora o diabetes, e o diabetes mal controlado intensifica o estresse e a ansiedade.”

Estudos recentes sugerem que a alimentação tem papel fundamental tanto no controle do diabetes quanto na saúde mental.  Segundo essas pesquisas, existem nutrientes específicos que atuam diretamente na produção de neurotransmissores relacionados ao bem-estar e que, ao mesmo tempo, ajudam no controle glicêmico.

Alimentos ricos em triptofano, como ovos, peixes, sementes de abóbora e girassol, são precursores da serotonina, conhecida como o hormônio do bem-estar. Eles ajudam a melhorar o humor e reduzir a ansiedade, desde que consumidos dentro do plano alimentar adequado para diabéticos.

Peixes como salmão, sardinha, nozes, sementes de chia e linhaça, fontes de ômega 3, são anti-inflamatórios naturais que protegem a saúde cerebral e também ajudam a melhorar a sensibilidade à insulina. Já alimentos ricos em magnésio (folhas verdes escuras, amêndoas e abacate) ajudam a reduzir a ansiedade e podem melhorar a resposta celular à insulina.

Probióticos e prebióticos, como kefir, iogurte natural sem açúcar e fibras de frutas, legumes e grãos integrais de baixo índice glicêmico, ajudam a manter a saúde intestinal, que está diretamente ligada à produção de neurotransmissores relacionados ao bem-estar.

Um novo olhar para o tratamento

O cuidado com o diabetes deve ir além dos números da glicemia. Ao integrar estratégias de saúde mental ao tratamento, os pacientes não apenas melhoram seu bem-estar emocional, mas também conseguem aderir melhor ao tratamento, reduzindo complicações e melhorando significativamente sua qualidade de vida.

Tratar o diabetes sem cuidar da saúde mental é como tentar dirigir um carro com apenas três rodas. Pode até funcionar por um tempo, mas logo se torna insustentável e perigoso.

Outras estratégias para amenizar o impacto emocional do diabetes incluem hidratação adequada, boas noites de sono, atividade física regular e meditação.

“Manter bons relacionamentos sociais, ter um hobby e dedicar tempo para o autocuidado são atividades que também ajudam na saúde mental. O caminho para um controle efetivo do diabetes passa necessariamente pelo cuidado com a saúde mental, e ferramentas que oferecem suporte contínuo, como a Tia Bete, são aliadas valiosas nessa jornada”, completa Scandolara.

 

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