
O Dia do Homem, comemorado em 15 de julho desde 1992, foi criado para alertar sobre a saúde masculina, já que, historicamente, os homens são os que menos costumam dar atenção a saúde física e mental. Para a psicóloga e escritora, Luana Menezes, o alerta à saúde masculina é uma das formas de romper com o machismo estrutural.
A psicóloga ainda ressalta que a celebração da data é interpretada por alguns como uma afronta a falta de igualdade de direitos entre homens e mulheres, porém, para ela, essa pode ser uma oportunidade de avançar na conscientização no que diz respeito a equidade de gênero.
“Para desconstruirmos esse sistema patriarcal que não é opressor apenas às mulheres, mas também aos homens, já que recebem desde o seu nascimento um tratamento que o encaminha para ser “durão”, “forte”, “garanhão”, é necessário união de todos. Portanto, os meninos e futuros homens merecem ser respeitados e livres e, assim como as mulheres, devem receber atenção e amor, além de serem reconhecidos e presenteados no seu dia”, explica Luana.
Segundo ela, a cultura do patriarcado reprime a natureza sensível do homem e ele passa a ter dificuldade de expressar seus sentimentos, o que afeta a saúde mental e provoca dificuldade nas suas relações por falta de diálogo.
De acordo com dados da cartilha “Suicídio: informando para prevenir”, publicada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a mortalidade de homens por suicídio é três vezes maior do que entre as mulheres. As informações mostram ainda que “o reforço a esse papel de gênero muitas vezes impede os homens de procurarem ajuda para os sentimentos suicidas e depressivos”.
“Infelizmente muitos desses casos estão relacionados às cobranças que o próprio homem faz a si por julgar que não está cumprindo seu papel de “homem”, estereótipos impostos pela sociedade”, conta Luana Menezes.
Para ela, este mês de julho pode ser a chance de, por meio de palestras e rodas de conversas, fazer com que todos compreendam que a capacidade de sentir é do ser humano, portanto o homem não deve ser privado de expressar suas emoções.
Luana, que é especialista em psiquiatria infantil pela UFRJ, diz ainda que é necessário romper com o machismo desde a infância. Foi pensando nisso que ela escreveu o livro infantil “Eu Só Quero Brincar”, que aborda o tema de maneira lúdica, provocando uma reflexão em toda a família.
“É preciso trabalhar com crianças a equidade de gênero através do brincar livre, sem delimitar o que é brincadeira de menino ou menina, deixando as crianças brincarem do que quiserem seja carrinho ou boneca, dando a oportunidade para que desde cedo meninos e meninas sejam cuidadosos e amorosos, além de expressarem, sem medo, seus sentimentos”, conclui a especialista.