
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) intensificou as ações de prevenção e vigilância contra a Febre Oropouche. A doença, transmitida pelo mosquito-pólvora, conhecido popularmente como maruim, ultrapassou os registros de 2024 e já soma 310 casos confirmados até o dia 5 de abril deste ano.
O avanço da doença, que até então se restringia ao interior, começa a alcançar áreas urbanas. Segundo a Sesa, os casos estão majoritariamente concentrados no município de Baturité (224), seguido de Aratuba (81), Capistrano e Mulungu, com um caso cada. Houve ainda registros em Fortaleza, Maracanaú e Quixadá, considerados casos “importados”, já que os pacientes haviam visitado a região afetada antes da infecção.
De acordo com o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antônio Lima Neto, a principal preocupação agora é o aumento da transmissão em áreas mais populosas. “Os criadouros de mosquitos já existem lá há décadas. O que facilitou foi a transmissão residual: pessoas portadoras da doença circularam nos municípios e, como já existe o mosquito nas regiões, houve a transmissão, que foi potencializada”, explica.
Mosquito pode ser encontrado em áreas rurais ou urbanas
O mosquito maruim é considerado o principal transmissor do vírus da febre do Oropouche em áreas rurais e urbanas. Há, ainda, o Culex quinquefasciatus, inseto comumente encontrado em ambientes urbanos que também pode transmitir a doença. Depois de picar o ser humano ou animal infectado, o mosquito permanece com o vírus no sangue por alguns dias e pode transmiti-lo por meio da picada a uma pessoa saudável.
Para se prevenir, a população também deve tomar medidas ambientais. Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas é fundamental. Os profissionais da Sesa estão trabalhando em campo para averiguar possíveis focos de proliferação do mosquito, capturar vetores, monitorar casos suspeitos e capacitar as secretarias municipais de saúde para o enfrentamento à doença. Desde o seu surgimento no Ceará, já foram realizadas várias ações preventivas com o objetivo de capacitar profissionais da saúde da região sobre o tema.
A febre do Oropouche circula desde a década 1960 no Brasil, com casos mais numerosos em regiões silvestres e de transição, entre as zonas urbana e rural. No entanto, nos últimos três anos, a doença migrou também para regiões urbanas.
Entenda a doença
A febre do Oropouche apresenta sintomas como febre, náusea, diarreia e dores de cabeça, musculares e nas articulações. O quadro clínico se assemelha à dengue e à chikungunya. Por isso, em caso de suspeita, a população deve procurar atendimento médico. A Sesa orienta que os profissionais de Saúde solicitem o exame RT-PCR ainda nos primeiros cinco dias de sintomas dos pacientes, quando há maior carga viral.
O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), referência em diagnóstico laboratorial e controle epidemiológico, é a unidade responsável no estado pela análise das amostras provenientes de unidades públicas e privadas. A detecção da febre do Oropouche é feita por meio da investigação da carga genética do vírus.
Números
Em 2025, até o dia 5 de abril, foram confirmados 310 casos de febre do Oropouche no Ceará. Desses, 307 casos estão distribuídos em quatro municípios que fazem parte da Coordenadoria Regional de Saúde (Coads) de Baturité, são eles: Aratuba (81), Baturité (224), Capistrano (1) e Mulungu (1).