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População com HIV/aids tem assistência em 34 unidades de saúde em Fortaleza e no Interior

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Cearenses com HIV/aids têm à disposição uma rede com 34 equipamentos de assistência gratuita. Os Serviços de Atenção em Saúde para Pessoas Vivendo com HIV/aids (SAEs) reúnem equipamentos municipais, estaduais e federais, e estão distribuídos em Fortaleza e em outros 21 municípios do Interior. Os locais prestam atendimento integral e de qualidade a pacientes, com equipe multidisciplinar de profissionais de saúde.

O último mês do ano marca a mobilização nacional na luta contra o HIV, a aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Em 2017, por meio da Lei 13.504, foi instituído o Dezembro Vermelho, período em que a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas que convivem com o vírus ganham maior destaque.

De acordo com a enfermeira Telma Martins, articuladora da Coordenadoria em Vigilância e Saúde (Covep) da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), este é um mês que sinaliza a luta contra a doença, mas que também dá visibilidade à epidemia que marcou as décadas de 1980 e 1990 – deixando um rastro de preconceito contra pessoas diagnosticadas com HIV/aids até hoje. “A mobilização no Brasil serve para que municípios e estados usem esse período para mostrar à população que todos precisam se engajar nessa luta”, diz, reforçando a necessidade da existência e do fortalecimento dos SAEs na garantia do acesso à saúde desse público.

Os serviços ambulatoriais em HIV/aids realizam assistência, prevenção e tratamento às pessoas vivendo como vírus em ambulatórios gerais ou de especialidades, unidades básicas de saúde, policlínicas, dentre outras estruturas. O atendimento é feito por médico infectologista, profissional de Enfermagem e, em alguns serviços, há assistente social e psicólogo(a).

Em Fortaleza, os hospitais São José (HSJ) e Geral de Fortaleza (HGF), ambos da Rede Sesa, e o SAE Christus oferecem, ainda, as profilaxias pré-exposição (PreP) e pós-exposição (PEP).

O primeiro medicamento é indicado como método preventivo complementar a pessoas sexualmente ativas em contexto de risco aumentado de infecção pelo HIV. Uso correto de preservativos e vacinação contra outras doenças se somam à chamada prevenção combinada.

Gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, travestis, trabalhadores do sexo e pessoas que mantêm parcerias sorodiferentes (quando um tem HIV e outro não) estão entre os perfis mais vulneráveis. Porém, qualquer pessoa pode ser alvo do contágio.

Já a PEP é recomendada em até 72h após uma atividade sexual desprotegida ou quando ocorre um acidente biológico – quando um profissional de saúde entra em contato com sangue contaminado, por exemplo. O tratamento dura 28 dias com uso diário de um comprimido.

“Os equipamentos que não fornecem PrEP e PEP, contudo, realizam o diagnóstico e iniciam o tratamento, se indicado. Lá, os profissionais acompanham integralmente a pessoa infectada e realizam a terapia com antirretrovirais, combatendo também outras doenças oportunistas”, detalha Martins.

No interior cearense, esse acompanhamento é feito por 21 unidades. Em todas, é feita a abordagem sobre prevenção combinada. “Esse formato amplia os métodos disponíveis e busca atender às necessidades do paciente, observando os contextos biomédicos, comportamentais e socioestruturais de cada indivíduo”, reforça Martins.

A enfermeira acrescenta que esta estratégia é a mais eficaz quando adotada com base nas características do momento de vida de cada pessoa. Na prevenção combinada, são tratados também os tabus em torno da infecção, como o combate à discriminação e ao preconceito. “Antigamente, a orientação mais recorrente era do uso dos preservativos masculino e feminino. Hoje, temos uma abordagem que inclui várias estratégias e considera as sensibilidades e as vulnerabilidades individuais”.

Combate às desigualdades

Lançado às vésperas do Dia Mundial de Combate ao HIV/Aids, o relatório Desigualdades Perigosas, do Programa das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), chama atenção para a erradicação dessa epidemia em diversos países. O documento mostra que, mantendo as tendências atuais, o mundo não conseguirá atingir a meta de acabar com a patologia até 2030.

O relatório cita diversas frentes que dificultam o combate. Dentre elas, estão a desigualdade de gênero, o racismo estrutural, a discriminação, o impacto nas juventudes e a criminalização de populações-chave.

Telma Martins pesquisa a condição no Ceará e no Brasil desde a década de 1980, quando os primeiros casos surgiram no País. Sua percepção é de que as infecções por HIV continuam aumentando e a evolução para a aids (estágio avançado da doença) apresenta estabilidade ou decréscimo em alguns momentos. Pessoas com HIV não necessariamente desenvolvem aids.

“Foi a partir de 2014 que o Ministério da Saúde instituiu a notificação compulsória do HIV, então, o que temos observado é uma questão nacional. Mas, com a estabilização dos casos da síndrome clínica, percebemos que as políticas de prevenção têm surtido efeito. Precisamos continuar”, enfatiza.

Cestas Básicas para Pessoas que Vivem com HIV/Aids

Desde 2014, a Sesa, em parceria com a Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV e Aids (RNP+Ceará), realiza a entrega de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade que convivem com o diagnóstico positivo. Ao todo, já foram entregues mais de 26 mil insumos.

“Trata-se de um benefício que o Estado há algum tempo já oferta à população que vive com HIV, especialmente àqueles e àquelas economicamente vulneráveis. Existem pessoas, por exemplo, que não têm renda familiar alguma, ou recebem um valor muito abaixo do que é o ideal”, explica Telma Martins.

Contam com o suporte nutricional pacientes que têm o diagnóstico positivo para o vírus, residem no Ceará e estão vinculados a um serviço de saúde para adesão ao tratamento. Pessoas a partir de 60 anos e quem está em tratamento para tuberculose durante a vigência do benefício, além de gestantes (em qualquer idade gestacional), tiveram prioridade na seleção.

Para não errar

Acesse o Guia de Terminologia do UNAIDS. Na publicação, você pode conferir quais palavras corretas usar quando referir-se a pessoas convivendo com HIV.

Termos corretos:

– Pessoas vivendo/convivendo com HIV;

– Síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids);

– Infecção sexualmente transmissível (IST);

– Sexo mais seguro;

– Parceiros sexuais concomitantes ou parceiros concomitantes

– Teste de HIV; teste sorológico anti-HIV

– Pessoas que usam drogas injetáveis

– Resposta ao HIV

 

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