
O uso de medicamentos adquiridos de forma irregular – seja por meio de sites não autorizados, redes sociais ou mercados paralelos – representa um risco grave à saúde da população. Além da possibilidade de ineficácia terapêutica, esses produtos podem estar adulterados, vencidos, armazenados de forma inadequada ou mesmo serem falsificações.
Um fator que agrava ainda mais a circulação de medicamentos irregulares é a origem de parte desses produtos: o roubo de cargas farmacêuticas. Em 2024, esse tipo de crime gerou perdas de R$ 283 milhões, segundo dois estudos encomendados pela ABRADIMEX (Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Medicamentos Especializados).
As análises foram conduzidas pela consultoria Deloitte e pela Overhaul, plataforma global especializada em gerenciamento e prevenção de riscos no transporte. O panorama é alarmante: mais da metade dos especialistas em risco ouvidos pela Deloitte (52%) acredita que os roubos de medicamentos devem crescer ainda mais em 2025.
“Esse contexto obriga as distribuidoras a aumentarem os investimentos em segurança, o que inevitavelmente pode levar a um repasse nos preços dos medicamentos ao consumidor final. Isso penaliza ainda mais uma população já sobrecarregada com os altos custos de saúde”, destaca Maurício Filizola, diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos (Sincofarma) e presidente da Rede de Farmácias Santa Branca, que conta inclusive com uma distribuidora.
A busca por soluções rápidas e acessíveis para perda de peso tem levado muitos brasileiros a recorrer a canais não oficiais para adquirir medicamentos para emagrecer, categoria altamente visada por criminosos e frequentemente presente em cargas roubadas.
“Estamos extremamente preocupados com o crescimento da comercialização irregular de medicamentos para emagrecimento. São produtos de alto custo, o que torna o mercado paralelo atrativo, mas esse tipo de compra coloca a vida das pessoas em risco. Não há qualquer controle sobre procedência, armazenamento ou validade”, alerta Mauricio Filizola.
O profissional reforça que medicamentos devem ser adquiridos exclusivamente em farmácias, drogarias ou canais online autorizados pela Anvisa. O consumidor deve desconfiar de preços muito abaixo do mercado, embalagens sem lacre ou com dados rasurados, e sempre exigir nota fiscal.