
Para a Igreja Católica, homens gays podem se tornar padres, desde que optem por uma vida sem fazer sexo, o chamado celibato. A informação consta em documento do Vaticano publicado na quinta-feira (9).
“No que diz respeito às pessoas com tendências homossexuais que se dirigem ao seminário ou descobrem tal situação durante sua formação […], a Igreja, respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir no seminário ou no sacerdócio aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay”, afirma o documento de 68 páginas.
As novas diretrizes aprovadas pelo Vaticano reflete um ajuste nas políticas da Igreja Católica em relação ao sacerdócio e à comunidade LGBTQ, sinalizando uma abordagem mais inclusiva em comparação às instruções anteriores.
As novas diretrizes, publicadas no site da Conferência dos Bispos Italianos, indicam que as preferências sexuais de um candidato devem ser consideradas no processo de discernimento, mas não devem ser o único critério para avaliar sua capacidade para o sacerdócio.
Até o momento, a Igreja Católica, sob a liderança do Papa Francisco, não havia explicitamente proibido a entrada de homens gays no sacerdócio. No entanto, uma instrução de 2016, aprovada por Francisco, afirmava que os seminários não poderiam admitir homens com “tendências homossexuais profundamente arraigadas”.
A mudança agora permite que homens gays se inscrevam nos seminários, mas com a condição de que permaneçam celibatários e se abstenham de qualquer tipo de relacionamento sexual. A orientação também destaca que as tendências sexuais de um candidato devem ser analisadas dentro de seu contexto pessoal, sem que isso seja o único fator no discernimento de sua vocação.
O Papa Francisco, conhecido por sua postura mais acolhedora em relação à comunidade LGBTQ, já havia autorizado padres a abençoarem casais do mesmo sexo, mas a questão da admissão de homens gays no sacerdócio sempre foi controversa.
A aprovação das novas diretrizes pelos bispos italianos, em novembro de 2024, traz uma abordagem mais flexível, alinhando-se parcialmente ao desejo de Francisco de adotar uma Igreja mais inclusiva e menos rígida. Contudo, a mudança ainda gerou reações mistas dentro da Igreja, com alguns membros mais conservadores expressando desaprovação.
A instrução anterior de 2016, que ainda está em vigor, estabeleceu uma linha dura sobre as admissões em seminários, refletindo a postura de Bento XVI, predecessor de Francisco. Nessa época, a Igreja orientava que candidatos com tendências homossexuais profundas não poderiam ser aceitos para o sacerdócio. Essa política gerou bastante debate e a visão de que os gays eram amplamente rejeitados pela Igreja, o que levou a uma série de críticas internas e externas.
As novas diretrizes serão aplicadas por um período experimental de três anos, permitindo que a Igreja Católica acompanhe e avalie a implementação da política. Essa mudança tem o potencial de provocar um impacto significativo em como os futuros padres são escolhidos, refletindo uma Igreja mais aberta a diferentes realidades e experiências pessoais. Entretanto, o assunto da sexualidade no sacerdócio ainda permanece delicado, e muitos padres gays continuam a temer discussões abertas sobre sua identidade sexual, em um contexto onde a Igreja ainda luta para conciliar suas doutrinas tradicionais com uma sociedade em mudança.