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Especialista explica como escolas podem combater o bullying

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O bullying é um problema crescente entre os mais jovens. Dados do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no ano passado, revelam que 38% das escolas brasileiras relataram problemas com o tema.

E o assunto ganhou ainda mais destaque nos últimos dias, com a série “Adolescência”, da Netflix. A produção, uma das mais vistas da plataforma nas últimas semanas, aborda as complexidades da juventude, bem como os desafios familiares e dilemas da sociedade moderna.

O mestre em Educação e Head de Produtos da plataforma de transformação social Mind Lab, Thiago Zola, explica as diferentes variações do tema. “Primeiramente, é importante elencarmos todas as formas de bullying existentes, como o físico, que envolve violência física, o verbal, relacionado a xingamentos, por exemplo, o psicológico, que pode envolver chantagem, ameaça ou exclusão social, o sexual, como assédio ou toques inadequados, o material, que inclui roubos, furtos ou destruição, além do cyberbullying, por meio da Internet”.

O profissional defende que as competências socioemocionais sejam aplicadas nas escolas como um caminho para combater a prática e estimular boas relações entre alunos. “Hoje, não existem mais dúvidas em relação à importância das competências socioemocionais em promover a saúde mental e prevenir o bullying. Na Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, elas já estão presentes em todas as dez competências gerais estabelecidas como fundamentais para a promoção da aprendizagem de alunos e alunas”, afirma.

Entre as competências listadas, cinco fatores se destacam nessa jornada, segundo o especialista: “a autoconsciência, a autogestão, a consciência social, a capacidade de se relacionar e a tomada de decisão são fatores trabalhados pelo desenvolvimento socioemocional que atingem a raiz do grave problema que é o bullying. São qualidades que são abordadas em programas socioemocionais e que impactam diretamente na forma como esses jovens lidam com as pessoas ao redor”.

O Programa MenteInovadora, que atua nas escolas da rede pública de várias cidades e estados brasileiros, é um dos modelos de atuação em competências socioemocionais no país. Ele aborda uma metodologia baseada em três pilares: jogos de raciocínio, métodos metacognitivos e professor mediador, que explora recursos da metodologia com ações intencionais. Alinhado à BNCC, o Programa conta com o apoio dos professores para a aplicação em sala de aula. Ao todo, já foram impactados mais de 7,3 milhões de alunos, além de 210 mil professores capacitados em 17 Estados brasileiros. Recife, capital pernambucana, é uma das principais cidades a contar com a aplicação da metodologia.

Além do papel decisivo da escola, Thiago aponta a importância do ambiente familiar como complemento do combate ao bullying. “Alguns comportamentos dos pais podem ajudar os filhos, como a valorização do respeito, em reconhecer as emoções e saber respeitá-las e acolhê-las, ensinar o controle das emoções, a saber os limites, além de fortalecer os vínculos e reforçar a responsabilidade dos atos praticados, bem como as consequências de cada uma delas”.

Em relação às vítimas, o especialista também comenta que alguns sinais podem ser observados pelos educadores e pais. “Isolamento social, queda na autoestima e no desempenho escolar, surgimento de transtornos alimentares, tristeza ou depressão, lesões no corpo ou roupas rasgadas, agressividade, irritação, ansiedade, insônia, são alguns dos comportamentos mais comuns de vítimas de bullying. É importante que haja essa observação dos adultos ao redor, para que a intervenção seja rápida e os impactos para o desenvolvimento da criança sejam mitigados”, conclui.

O combate ao bullying está previsto na legislação brasileira. A Lei Federal nº 13.185/2015 institui o “Programa de Combate à Intimidação Sistemática”. Ela define o que é bullying, define a necessidade da realização de campanhas educativas, do treinamento de profissionais e de assistência psicológica, a ser aplicada tanto para as vítimas quanto para os agressores.

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