
O câncer de ânus e canal anal foi responsável por 38.196 internações no Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2015 e agosto de 2024, de acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), obtidos pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP).
Entre 2015 e 2023, foram registradas 6.814 mortes em decorrência desse tipo de tumor. A doença pode ser prevenida principalmente com a vacinação contra o HPV e o uso de preservativo durante relações sexuais. O Estado de São Paulo teve 10.993 registros de câncer anal, o maior índice do Brasil, seguido por Minas Gerais, com 4.533. São Paulo contabilizou 1.637 mortes.
De acordo com o médico Fábio Guilherme Campos, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a doença não tem uma incidência muito alta na população, mas vem crescendo nas últimas décadas. Esse câncer, na maioria das vezes, está relacionado a infecções virais, como o HPV. Logo, o aumento dos casos é um reflexo da maior ocorrência dessas infecções.
“O aumento da incidência se deve especialmente à disseminação do HPV, que passou a ocorrer com muito mais frequência na população. Isso aconteceu de forma significativa nas décadas de 1980 e 1990. Não é um dado isolado do Brasil, mas do mundo todo”, detalha o professor.
Diego de Aragão Bezerra, cirurgião oncológico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) destaca que outro grupo em maior risco é o de pacientes que têm HIV e imunidade debilitada, “que nós chamamos de imunodeprimidos”.
Fumantes, indivíduos com histórico de câncer de colo de útero e com múltiplos parceiros sexuais também têm mais risco de desenvolver a doença.
Quais são os sintomas?
Em estágios iniciais, o indivíduo pode ter lesões na região anal e um endurecimento no local. O câncer também pode ser assintomático.
Em muitos pacientes, é comum que sangramentos aconteçam. Por conta disso, a doença pode ser confundida com um quadro de hemorroida. “Daí, infelizmente, o câncer de canal anal muitas vezes tem seu diagnóstico retardado”, informa Campos.
“É muito frequente o indivíduo chegar e falar: ‘Doutor, eu achei que tinha uma hemorroida, fiquei tratando, passando pomada, mas não sarou. Agora, está aumentando e doendo’. E dor não é uma coisa que aparece logo no começo”, continua.
Conheça os principais sintomas:
- Presença de nódulo ou massa na região anal;
- Dor e coceira;
- Sangramento;
- Alteração na consistência das fezes;
- Escapes de fezes;
- Aumento dos gânglios da região do ânus e/ou da virilha.