As vendas do varejo voltadas para a Páscoa deverão totalizar R$ 3,36 bilhões em 2025, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Confirmada essa expectativa, o volume apresentaria recuo de 1,4% ante a mesma data do ano passado, já descontada a inflação. A Páscoa representa a sexta data comemorativa mais relevante do calendário do varejo nacional.
No Ceará, a expectativa é que sejam movimentados R$ 82,61 milhões, 1,8% a mais que a projeção feira pela CNC em igual período de 2024 (R$ 81,10 milhões). Trata-se do segundo maior valor da região Nordeste, à frente de Pernambuco (R$ 78,76 milhões) e atrás da Bahia (R$ 120,93 milhões).
Na média nacional, a principal razão para o recuo está na disparada dos preços de produtos típicos da celebração, especialmente o chocolate. O item deverá registrar aumento médio de 18,9%, o maior reajuste em 13 anos. A alta é atribuída à valorização do cacau no mercado internacional e à desvalorização do real frente ao dólar, que passou de R$ 5 para R$ 5,80 em um ano.
Bahia e (-6,2%) e Rio Grande do Sul (-4,9%) devem se destacar relativamente em termos de retrações locais nas vendas. Os maiores volumes de vendas tendem a se concentrar em São Paulo (R$ 923,29 milhões), Minas Gerais (R$ 344,06 milhões), Rio de Janeiro (R$ 237,52 milhões) e Rio Grande do Sul (R$ 194,93 milhões). Juntas, essas unidades da Federação responderão por 51% do volume financeiro a ser gerado pela Páscoa deste ano.
“O momento atual da economia brasileira é marcado por pressões inflacionárias vindas do mercado internacional e pela volatilidade cambial. O varejo sente os efeitos de um cenário macroeconômico incerto, o que resulta na desaceleração do consumo em datas importantes como a Páscoa. Isso força o setor a rever suas estratégias e planos em curto, médio e longo prazo”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Retomada do consumo
Os avanços recentes no faturamento real nesta data comemorativa estavam inseridos em um contexto de retomada do consumo desde 2021, quando, por conta da pandemia no ano anterior, o volume de receitas do varejo relacionadas à Páscoa registrou o menor patamar de vendas em dez anos. Para 2025, mesmo diante do dinamismo no mercado de trabalho, o reajuste de preços de itens especificamente relacionados a essa data comemorativa tende a comprometer o aumento do volume de vendas.
Considerando o carro-chefe desta data, a venda de produtos derivados do chocolate, além da alta da cotação do cacau no mercado internacional, a desvalorização do real ao longo do último ano impactou significativamente os preços finais ao consumidor. A taxa de câmbio, que às vésperas da Páscoa de 2024 se situava abaixo de 5,00 R$/US$, no primeiro trimestre do corrente ano superou a casa dos 5,80 R$/US$, registrando alta de 17%.
Reajuste
Assim, a cesta de bens e serviços, composta por oito itens, deverá sofrer reajuste acima da inflação pelo terceiro ano seguido, puxado pela alta esperada do preço dos chocolates (+18,9%) – maior alta em 13 anos. Na média, os itens relacionados a essa data deverão estar 7,4% mais caros que no mesmo período de 2024. Destacam-se ainda as expectativas de alta dos preços do bacalhau (+9,6%) e do azeite de oliva (+9%).
Um indicativo da expectativa do varejo menos otimista do varejo com a Páscoa deste ano é a importação de produtos típicos para a data. De acordo com registros da Secretaria de Comércio Exterior tabulados pela CNC, em março, mês que antecede a data comemorativa, a quantidade importada de chocolates totalizou 1,43 mil toneladas, recuo de 17,6% em relação ao ano passado.
Outro produto tipicamente importado nessa época do ano, o bacalhau, acusou retração igualmente significativa (-11,7% nas quantidades importadas frente a Páscoa de 2024, totalizando 3,30 mil toneladas). (Com Agência CNC)
