No próximo sábado (11), o Instituto Mulheres de Peso realizará em parceria com a Jack Produções Artísticas, no Centro Cultural Belchior, na Praia de Iracema, em Fortaleza (CE), o 1º Encontro do Combate à Gordofobia com rodas de conversas desfiles e coffe break para convidados.
“O que aprendemos além de que “Gorda não é palavrão?” Esse é o tema central do evento, onde serão discorridos também, assuntos como “Gordofobia: História de Vida” e “O Corpo Gordo se Movimenta”. A programação é considerada especial, porque celebrará o 2º ano da Lei Municipal ao Combate à Gordofobia e os 13 anos do Movimento Plus Size no Estado do Ceará.
“A gordofobia é, sim, um termo novo. Tem uns dois a três anos de existência”, lembra a presidente do Instituto Mulheres de Peso e idealizadora do Movimento Plus Size no Ceará, Jack Queiroz. Ela explicou em entrevista concedida ao Portal ANC, que gordofobia é um preconceito ao corpo gordo. “É quando você não aceita que a pessoa seja gorda e você começa a ridicularizar”, afirmou.
Quanto aos efeitos da Lei, Jack explicou: “a Lei ainda não é vista como crime e, sim, injúria e difamação. Mas ela é muito importante, porque através dela nós estamos levantando várias pautas sobre a gordofobia como “O corpo certo é o seu!” e “Você não dar opinião sobre o corpo dos outros” e, claro, como eu sempre falo, não romantizando a obesidade, mas lembrando também, que trata-se da saúde mental e do corpo”, frisou a organizadora da primeira edição do encontro que tem apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secultfor e do Instituto Iracema.
A Lei Municipal ao Combate à Gordofobia
É de 18 de agosto de 2021, o Projeto de Lei de Nº 0479/2021 do vereador Marcelo Lemos (PSL) que institui o 11 de maio de cada ano como o Dia Municipal de Luta Contra a Gordofobia e o inclui no Calendário Oficial de Eventos do Município de Fortaleza.
O Art. 2º da Lei Ordinária de Nº 11.267 aprovada em 22 de maio de 2022 pelo prefeito de Fortaleza, José Sarto Nogueira Moreira (PDT), diz que, para fins desta Lei, considera-se gordofobia, o preconceito, a repulsa ou a discriminação social, política e econômica praticados contra a pessoa gorda.
A justificativa do projeto mostra que a rotina de uma pessoa gorda no Brasil é marcada por um ambiente hostil ao seu corpo: de julgamentos pessoais, velados ou explícitos, até espaços físicos não adaptados.
O psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Adriano Segal, diz que a gordofobia “é um neologismo para o comportamento de pessoas que julgam alguém inferior, desprezível ou repugnante por ser gordo. Funciona como qualquer outro preconceito baseado em uma característica única”. Segal acrescenta ainda, que apesar de o termo ser recente, a prática à qual se refere “sempre existiu”.
O estudo realizado pela Skol Diálogos mostra ainda, que, além dos impactos sobre a saúde mental, a gordofobia enquanto um preconceito difundido na sociedade afeta também o planejamento urbano e o acesso da pessoa gorda à cidade. Os padrões utilizados na construção de banheiros, transportes coletivos e até mesmo na mobília dos espaços públicos e privados são reflexos da discriminação e exclusão de pessoas gordas.
Não é à toa que a militância pelo combate à gordofobia tem conquistado mais voz no mundo, através de algumas marcas que “levantam a bandeira”, do ativismo de pessoas do movimento antigordofobia, de modelos plus size e até de campanhas em redes sociais. Eis aqui o motivo de ter sido criado o Dia Municipal de Combate à Gordobia na capital cearense, uma sugestão dada por Jack Queiroz ao vereador Marcelo Lemos.
